domingo, 15 de maio de 2011

O povo do rio Omo

O rio Omo, na África, atravessa a Etiópia, o Sudão e o Quênia. Nesta região africana habitam algumas tribos cujo modo de vida se assemelha à pré-história: Dassanesh, Mursi, Hamar, Karo, Bume e Beshadar.

O vale do Rift, onde se encontra a grande fenda africana que separa geograficamente os negros dos árabes, é uma região vulcânica que fornece uma grande diversidade de pigmentos com uma grande variação de cores. Com estes pigmentos, alguns raros, as tribos do rio Omo praticam a sua arte.

Para a cultura Ocidental, estes seres são verdadeiros genios da pintura, pois os seus traços lembram muito a arte contemporânea de Picasso e Miró. Estas pessoas pintam o seu corpo à velocidade de um "action paint" de Jackson Pollock. Em poucos minutos, com uma rapidez impressionante, decoram o peito, seios, pernas e pés. Não usam pincéis, apenas uma habilidade fantástica com a ponta dos dedos. Trata-se de uma arte ancestral praticada por todos da tribo: idosos, adultos, jovens e crianças.

A aprendizagem ocorre apenas com a simples observação. Este povo integra-se perfeitamente na natureza, fazendo parte dela e sendo como ela.


Mas, o progresso precisa de energia eléctrica. Há um projeto de construção de uma barragem no rio Omo para uma central hidroelétrica que vai gerar energia para Adis Abeba, capital da Etiópia.


Infelizmente, o governo daquele país não está nada preocupado com as possíveis consequências nefastas desta barragem para estas tribos.O rio terá uma redução para um quinto do seu tamanho e irá acabar com as planícies alagadas que são essenciais para a gricultura tribal destes habitantes.


Esta cultura pura, intacta, deve estar, infelizmente, com os dias contados.


Um povo milenar pode-se tornar miserável em questão de dias.

No futuro talvez tenhamos apenas fotografias deste povo fascinante e da sua riqueza artística, para podermos mostrar às novas gerações.


A nova geração da Etiópia terá imensa energia eléctrica para poder apreciar toda esta beleza num computador.

Esperemos que os governantes deste país, ainda muito longe do desenvolvimento, tenham sensibilidade para perceber que a cultura e as tradições de um povo fazem parte do bem-estar de toda uma nação que se quer desenvolvida e próspera