O vale do Rift, onde se encontra a grande fenda africana que separa geograficamente os negros dos árabes, é uma região vulcânica que fornece uma grande diversidade de pigmentos com uma grande variação de cores. Com estes pigmentos, alguns raros, as tribos do rio Omo praticam a sua arte.
Para a cultura Ocidental, estes seres são verdadeiros genios da pintura, pois os seus traços lembram muito a arte contemporânea de Picasso e Miró. Estas pessoas pintam o seu corpo à velocidade de um "action paint" de Jackson Pollock. Em poucos minutos, com uma rapidez impressionante, decoram o peito, seios, pernas e pés. Não usam pincéis, apenas uma habilidade fantástica com a ponta dos dedos. Trata-se de uma arte ancestral praticada por todos da tribo: idosos, adultos, jovens e crianças.
Mas, o progresso precisa de energia eléctrica. Há um projeto de construção de uma barragem no rio Omo para uma central hidroelétrica que vai gerar energia para Adis Abeba, capital da Etiópia.
Esta cultura pura, intacta, deve estar, infelizmente, com os dias contados.
Um povo milenar pode-se tornar miserável em questão de dias.
No futuro talvez tenhamos apenas fotografias deste povo fascinante e da sua riqueza artística, para podermos mostrar às novas gerações.
Esperemos que os governantes deste país, ainda muito longe do desenvolvimento, tenham sensibilidade para perceber que a cultura e as tradições de um povo fazem parte do bem-estar de toda uma nação que se quer desenvolvida e próspera